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A PERNA MUMIFICADA Para verificar a eficiência do sistema de mumificação usado pelos antigos egípcios, cientistas reproduziram o processo na perna de um cadáver humano cedida para a pesquisa pela Universidade de Zurique. Eles colocaram o membro em 70 kg de natrão e mediram o progresso da preservação usando técnicas de imagens e microscopia de última geração. Outros pesquisadores já haviam tentado mumificar um corpo humano completo. Foram os casos da criação da múmia que ficou conhecida como Mumab I e da múmia do motorista de taxi Alan Billis.

Mas o processo nunca havia sido estudado usando técnicas científicas modernas enquanto a mumificação estava em andamento. Numa caixa de pinho foi colocada uma camada de natrão de 10 cm de espessura sobre a qual a perna foi depositada e depois coberta com o restante da substância salina. Os pesquisadores coletaram amostras do tecido a cada dois ou três dias e examinaram-no usando vários métodos: olho nu, microscópio, análise de DNA e métodos de imagem por raios X. De modo geral a mumificação foi bem-sucedida, mas demorou quase sete meses (208 dias), o que é muito mais do que os dois meses que o antigo método egípcio demorava, de acordo com o historiador Heródoto. Outras fontes relatam que o processo demorava ainda menos tempo. Suspeita-se que as condições mais frias e úmidas do laboratório em Zurique, em comparação com o ambiente árido do antigo Egito, podem explicar a discrepância. O procedimento efetivamente removeu a água do tecido da perna, o que impediu que bactérias e fungos a degradassem. A análise microscópica revelou boa preservação da pele e do tecido muscular. Ao final a perna havia perdido 50% de seu peso inicial. Os resultados mostraram a eficácia do método de embalsamamento egípcio e ofereceram uma visão detalhada de como o processo funcionava. O estudo revelou que a temperatura, a acidez e a umidade do ambiente eram fatores cruciais na velocidade da mumificação.

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ABERTURA DA BOCA A cerimônia de "abertura da boca" realizada pelos sacerdotes egípcios no corpo mumificado não era apenas um ritual simbólico. Um estudo acadêmico forneceu a primeira evidência física de que a boca do falecido era realmente forçada com uma faca e um cinzel de ferro durante o processo de mumificação. As mandíbulas tinham que ser separadas com instrumentos para limpar e untar a cavidade bucal com óleo e resinas. Por um conjunto de características físicas os traumas post-mortem nos dentes podem ser distinguidos dos traumas ocorridos antes ou no momento da morte. Apenas os primeiros foram considerados no estudo. Estas manipulações podem ser chamadas de procedimento de abertura da boca para distingui-las das ações puramente simbólicas do ritual de abertura da boca. Este último era executado na múmia já totalmente pronta e, às vezes, até na máscara que usava, permitindo que o morto se comunicasse no além túmulo. Era o último passo no processo de mumificação antes do enterro. Mais de 150 múmias foram examinadas no estudo. Em muitos casos o procedimento bucal causou fraturas e avulsões dos dentes da frente, o que pode ser observado com frequência em antigas múmias egípcias. Na ilustração acima uma das vinhetas do Livro dos Mortos de Hunefer, aproximadamente de 1300 a.C., que mostra o ritual. Um sacerdote, usando a máscara de Anúbis, apoia a múmia. A esposa e a filha do falecido lamentam enquanto outros três sacerdotes se encarregam dos rituais. Os que usam faixas brancas estão realizando justamente o ritual de abertura da boca. O edifício branco à direita com portal e pequena pirâmide é uma representação da tumba. À sua esquerda está uma representação da estela que ficaria de um lado da entrada do túmulo. Seguindo as convenções normais da arte egípcia, mostra-se muito maior que o tamanho normal para que seu texto seja legível.

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MÚMIA DO FALCÃO Foi descoberto que aves de rapina, como os falcões, eram criadas e alimentadas à força pelos antigos egípcios para depois serem mortas e usadas como oferendas ao deus Rá. Os cientistas realizaram uma tomografia computadorizada na múmia de um francelho, uma ave falconiforme, com dimensões de 20 cm x 9 cm que não apresentava sinais de trauma físico externo que pudesse ter sido causa da morte.

Examinaram seu trato digestivo para ver qual havia sido sua última refeição. Encontraram a cauda de um camundongo jovem que parece ter levado a ave a engasgar até a morte. Examinando ainda a moela e o estômago, descobriram outros fragmentos de camundongos, inclusive 27 dentes soltos, sugerindo que a ave havia comido mais de um rato no início do dia. Também foram encontradas partes de um pequeno pardal. Os egiptólogos sempre acharam um mistério a elevada quantidade de múmias de aves de rapina que já foi encontrada. Este estudo fornece, pela primeira vez, fortes evidências de que os antigos egípcios mantinham tais aves em cativeiro, sendo possível que tenham estabelecido um programa controlado de reprodução em grande escala para elas, favorecendo a oferta de machos sobre fêmeas. Especula-se, então, sobre o possível uso das aves em falcoaria, ou seja, na arte de treinar falcões para caçar. Na foto acima vemos a imagem da múmia e a própria múmia do falcão que foi examinado.

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MÚMIA DE GINGER Atualmente os egiptólogos, atuando como verdadeiros detetives, são capazes de descobrir que um homem foi assassinado há quase 5000 anos atrás. Esse é o caso de uma múmia pertencente ao Museu Britânico conhecida como Ginger, nome atribuído em função de seu cabelo ruivo. Ele foi morto covardemente com uma facada pelas costas. A descoberta foi feita com o uso da tomografia computadorizada que mostrou um orifício logo abaixo do ombro esquerdo da vítima, conhecida oficialmente como Homem de Gebelein.

Especialistas forenses concluíram que quase não há dúvidas de que ele foi vítima de um assassinato deliberado e violento em tempo de paz. A costela imediatamente abaixo da omoplata foi estilhaçada de tal maneira que pedaços de osso entraram na musculatura. A força do golpe foi tanta que a lâmina teria penetrado através do pulmão esquerdo e dos vasos sanguíneos adjacentes. Como as lesões são extremamente graves e não existem sinais de cura, acredita-se que o ferimento foi a causa da morte. Tratava-se de um jovem impressionantemente musculoso que deveria ter entre apenas 18 e 20 anos de idade ao falecer. O fato de não haver feridas defensivas no corpo sugere que o ataque feito a ele foi de surpresa, A lesão foi causada por uma lâmina de cobre ou de pedra afiada com pelo menos 5 polegadas de comprimento e 0,7 polegadas de largura. Ginger morreu por volta de 2700 a.C. e foi colocado em uma cova rasa no deserto, em contato direto com a areia, a qual absorveu os fluidos naturais de seu corpo e o preservou bem, inclusive seus cabelos e unhas. Resta saber quem cometeu o crime, mas isso talvez seja impossível.

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O CROCODILO E SEUS FILHOTES Um crocodilo mumificado de três metros de comprimento revelou-se surpreendente ao passar por uma digitalização 3D de alta tecnologia em 2016. Além dos dois crocodilos jovens preservados inteiros previamente avistados dentro das bandagens em 1996, a múmia também contém 47 filhotes de crocodilos mumificados individualmente e escondidos nas bandagens externas do pacote. O exemplar, de mais de 3000 anos, recebeu a forma de um grande crocodilo com vários tipos de recheio: pedaços de madeira, maços de linho, caules de plantas e cordas. Este peça deve ter sido oferecido ao deus Sobek. O exemplar pertence ao Museu Nacional de Antiguidades de Leiden desde 1828. Na imagem o que aparece em azul são os filhotes. Foto © Rijksmuseum van Oudheden/National Museum of Antiquities. .